TROCA DE FRALDAS NA ESCOLA, O QUE É IMPORTANTE SABER? 

 

1. Como deve ser o ambiente para troca de fraldas?

2. Como deve ser a limpeza da superfície da bancada de troca de fraldas/trocador?

3. Como realizar a limpeza da bancada ou trocador de fraldas?

4. Devem ser utilizadas luvas para troca de fraldas?

5. A troca de fraldas com uso de luvas é recomendada quando:

6. Utilizar lenço umedecido ou água e sabão para troca de fralda?

7. Materiais necessários para realizar a troca de fralda:

8. Passo-a-passo para realizar a troca de fralda:

 

As creches e pré-escolas são ambientes propícios para construção de hábitos saudáveis, pois atendem crianças em uma faixa etária onde as práticas de cuidados de si e do outro estão em desenvolvimento.

O cuidar de si e do outro é tanto uma responsabilidade da escola como da família, tendo como propósito o bem-estar, saúde e conforto da criança.

Portanto é preciso haver diálogo entre família e escola para que partilhem sobre os cuidados e ensinem estes às crianças.

Da mesma forma, é importante conhecer as características da idade da criança, o que demandará um grau de dependência maior ou menor do professor, com vistas a garantir sua proteção e conforto, e isso exigirá do profissional sensibilidade e habilidade para que sejam facilitadores de vivência diárias que estimulem e promovam o seu autocuidado.

Pensando na escola como um espaço coletivo, alguns cuidados serão diferentes do ambiente doméstico, necessitando de padronização, para garantir a qualidade da atenção à criança e reduzir a exposição a patógenos que podem causar doenças, o que pode ocorrer durante a manipulação de fraldas com urina e fezes.

Primeiro passo é iniciar a interação durante a troca de fraldas: O olhar, a conversa e a proximidade física. 

Como aquela criança é o centro da atenção do/a profissional, a interação é diádica e o diálogo é individualizado, sendo mais fácil seguir as iniciativas da criança para comunicar, expandindo-as e utilizando linguagem rica e variada.

 

1. Como deve ser o ambiente para troca de fraldas?

 

Segundo as recomendações da Anvisa, o ambiente de troca de fraldas deve dispor de:

  • Bancada alta para troca de fraldas.
  • Papel toalha para forrar a bancada.
  • Lixeira ao lado do trocador forrada com saco plástico, com tampa e acionamento por pedais.
  • Pias próximas a região troca de fralda com sabão líquido e papel toalha (para higienização das mãos).
  • Rotina padronizada de troca de fraldas deverá ser escrita e fixada no local próximo a troca de fraldas.
  • Fraldas descartáveis devem ser depositadas em recipientes exclusivos, com identificação e separadas do restante do lixo.
  • Retirada do lixo com fraldas antes que fique cheio, para evitar mal cheiro e para que possa ser fechado e transportado com facilidade e segurança até a área externa de lixo.
  • Recipiente de lixo lavado com água e detergente antes de ser colocado um saco limpo.

 

 


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2. Como deve ser a limpeza da superfície da bancada de troca de fraldas/trocador?

 

É preciso compreender que a maior parte dos germicidas (como álcool 70%, hipoclorito, etc) são inativados na presença de matéria orgânica (urina, fezes e sangue por exemplo), por isso não é recomendado aplicar apenas álcool 70% na bancada de troca de fraldas na presença de urina e fezes, é preciso realizar a limpeza com água e sabão antes.

 

3. Como realizar a limpeza da bancada ou trocador de fraldas?

 

  • Na presença de matéria orgânica (urina/fezes), aplicar água e sabão (que poderá ser armazenado em um borrifador) e remover com papel toalha.
  • Borrifar álcool 70% três vezes e passar o papel toalha em sentido único por toda a bancada.
  • Se não tiver a presença de matéria orgânica na bancada, o que pode ser evitado com a forração adequada a cada troca, borrifar o álcool 70% três vezes e passar papel toalha em sentido único por toda a superfície.

 

 

4. Devem ser utilizadas luvas para troca de fraldas?

 

Existem inúmeros estudos que descrevem a necessidade da higienização adequada das mãos, mas que luvas não precisam ser utilizadas para procedimentos de rotina como a troca de fralda que ocorre em unidades escolares.

Por isso a Academia Americana de Pediatria e a Canadian Pediatric Society recomendam fortemente uma higienização com qualidade das mãos a cada troca de fraldas e quando a luva for utilizada, deverá ser substituída a cada troca de fraldas e as mãos higienizadas logo após a retirada das luvas.

Quando as luvas são mal utilizadas Quando as luvas são utilizadas de forma incorreta (não são substituídas a cada troca de fralda, as mãos não são higienizadas após a retirada das luvas, a colocação e retirada das luvas não é realizada de forma adequada), elas perdem o seu propósito de proteção e passam a favorecer a contaminação tanto do profissional que realiza a troca como da criança.

 

5 A troca de fraldas com uso de luvas é recomendada quando:

 

  • O profissional se sente desconfortável pelo possível contato com resíduos de fezes (o que pode ser evitado se for utilizada a técnica correta).
  • Crianças com diarreia.
  • Na presença de ferimentos com sangramento.
  • As mãos do profissional apresentam lesões.

 

Recomendamos que a gestão escolar dialogue com os profissionais responsáveis sobre este cuidado, os seus sentimentos, as dificuldades e as sensações deste processo de cuidar corporal, além das recomendações quanto ao uso de luva ou não, a técnica correta para troca da fralda, a colocação/retirada das luvas e higienização das mãos.

Mais importante ainda é a elaboração de um protocolo, descrevendo o passo-a-passo estipulado pela unidade escolar para que seja fixado no local destinado a este cuidado. Você poderá acessar um modelo aqui.

Essa medida favorece a realização de uma técnica mais alinhada entre a equipe, que respeite os princípios de higiene para evitar a contaminação e preserve a saúde e bem-estar da criança e dos responsáveis por este cuidado.

 

6. Utilizar lenço umedecido ou água e sabão para troca de fralda?

 

Os lenços umedecidos mais modernos são constituídos de um “não-tecido”, embebido em solução aquosa ou oleosa. Essas soluções normalmente são enriquecidas com emolientes, surfactantes e podem conter aditivos e fragrâncias.

Por possuírem uma base aquosa é utilizado um preservativo para evitar a contaminação bacteriana e fúngica do material.

Alguns estudos constataram que não houve alteração significativa da flora bacteriana periuretral (ao redor da uretra – canal por onde passa a urina) utilizando lenços umedecidos quando comparado à limpeza tradicional com água e sabão.

Segundo o Consenso de Cuidado com a Pele do Recém-nascido da Sociedade Brasileira de Pediatria (2015), os lenços umedecidos já foram relacionados com processos irritativos e alérgicos, mas a evolução na compreensão da fisiologia, microbiologia e imunologia da área das fraldas favoreceu o desenvolvimento de produtos cada vez mais adequados para crianças.

Sabe-se que os preservativos e fragrâncias utilizadas em lenços umedecidos podem estar relacionadas a reações alérgicas no local de sua utilização.

Em conclusão a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a limpeza da área das fraldas pode ser feita com água e sabão, o que é orientado pela maioria dos pediatras, mas também com lenços umedecidos que utilizam tecnologia moderna (com menos produtos químicos, sem perfume, sem álcool ou ainda com Syndets).

Portanto é recomendada a secagem suave da pele após a limpeza, ou seja, sem esfregar. A aplicação de creme de barreira (como os cremes à base de óxido de zinco), promoverá a formação de uma película protetora que impedirá a ação das enzimas sobre a pele (contidas na urina e fezes), e limitará a fricção da área.

Também é orientado neste documento sempre utilizar os cremes de barreira, para a prevenção da dermatite de fraldas, e não apenas quando já houver sinais de irritação no local.

Já os cremes contendo medicamentos (nistatina, corticoides e anti-bacterianos), não devem ser usados de rotina, apenas quando houver evidência de infecção ou inflamação e com orientação médica.

 

 


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7. Materiais necessários para realizar a troca de fralda:

 

  • Recipiente para descarte de fralda e lixo devem ser colocados próximo ao trocador;
  • Sacos plásticos para roupas sujas;
  • Roupas limpas (se necessário);
  • Fralda limpa;
  • Material de higiene pessoa da criança (sabão líquido neutro ou lenços umedecidos, creme de barreira);
  • Toalha ou papel toalha;
  • Água morna;
  • Papel toalha e papel higiênico;
  • Uso de luvas (se forem utilizadas);
  • Algodão (se for adotado pela escola)

 

 


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8. Passo-a-passo para realizar a troca de fralda:

 

Lembrete importante: NUNCA deixar uma criança sem vigilância sobre o trocador, para isso providenciar todos os materiais ANTES de colocá-lo sob o trocador. 

 

  • Lavar as mãos (confira a técnica recomendada pela Anvisa aqui).
  • Forrar o trocador com a tolha da criança ou papel toalha.
  • Se utilizar a toalha da criança, na região das fraldas, forrar com papel toalha para evitar que a toalha fique suja de resíduos de fezes ou urina.
  • Explicar para criança o que será feito, e nomear as partes do corpo a medida que a manipula.
  • Remover as roupas sujas.
  • Abrir a fralda e remover o excesso de fezes com papel higiênico macio, lenço umedecido ou algodão úmido.
  • Remover a fralda suja com cuidado para evitar que fezes e demais secreções respinguem ou contaminem o profissional e a bancada.
  • Descartar a fralda no lixo acionado pelo pedal.
  • Limpar a pele da região perianal utilizando lenço umedecido ou algodão com água morna. Realizar a limpeza sempre do sentido da genitália para o ânus, impedindo a contaminação do canal de urina pelas fezes.
  • Realizar a limpeza das áreas de dobras, região do escroto e abaixo da pele que recobre o pênis (prepúcio) nos meninos. Trocar o lenço umedecido ou o algodão úmido a cada passada na pele da criança.
  • Em caso de higiene com algodão úmido: a penúltima passada de algodão deverá conter água e sabonete líquido, aplicar em toda a genitália, virilha e ânus. Finalizar com algodão embebido em água morna para retirar os resíduos do sabonete.
  • Secar bem as regiões de dobras e não friccionar a pele.
  • Depositar os materiais utilizados para limpeza no lixo (inclusive o papel toalha utilizado como forro).
  • Aplicar o creme de barreira.
  • Colocar a fralda limpa e deixar em posicionada de forma confortável.
  • Sempre lavar as mãos da criança após a troca das fraldas com água e sabão, essa medida simples é capaz de prevenir doenças, além de estimular a crianças (desde pequena) que é necessário higienizar as mãos neste momento.
  • Colocar a criança em local seguro.
  • Realizar a limpeza da superfície do trocador.
  • Realizar a higienização das mãos.

 

9. Confira um cartaz com o passo-a-passo para troca de fraldas:

Recomendado pela National Association for the Education of Young Children (NAEYC):

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Letícia Spina Tapia

Enfermeira e Fisioterapeuta, Mestre no Ensino em Ciências da Saúde e Coordenadora Nacional do Programa Escola Segura

 

 

 

Publicado em: 19 de setembro de 2016

Atualizado  em: 27 de maio de 2021

 

Referências:

 

  • CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Diaper-Changing Steps for Childcare Settings. CDC, 2016.
  • AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. When Diaper Rash Strikes. Healthy Children Magazine, 2015.
  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Consenso de cuidado com a pele do recém-nascido. [onlie], SBP, 2015.
  • MOORE, D.; et al. Infection control in paediatric office settings. Paediatr Child Health. 2008 May; 13(5): 408–419.
  • AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Infection Prevention and Control in Pediatric Ambulatory Settings. Committee on Infectious Diseases, Pediatrics. September 2007, volume 120 / issue 3.
  • AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. When Diaper Rash Strikes. Healthy Children Magazine, Summer 2010.
  • CANADIAN PAEDIATRIC SOCIETY. Reprinted from Well Beings: A Guide to Health in Child Care (3rd edition). May be reproduced for educational purposes, and for use in child care settings, 2008.
  • PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Orientações para profissionais da educação infantil, Gerência de Educação Infantil (RJ), 2010.
  • WONG. Fundamento de Enfermagem Pediátrica, Marilyn J. Hockenberry; David Wilson, 9. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
  • SECRETÁRIA MUNICIPAL DA PREFEITURA DE DIADEMA. O cuidar na escola de educação infantil: manual de orientação aos profissionais das escolas de período integral. Prefeitura do Município de Diadema, revisado em 2012.
  • PREFEITURA DE SÃO PAULO. Manual de boas práticas manual de boas práticas de higiene e de cuidados de higiene e de cuidados com a saúde para com a saúde para centros de educação centros de educação Infantil. COVISA, Prefeitura de São Paulo, 2008.
  • PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE. Orientações da vigilância sanitária para instituições de educação infantil. ANVISA, Belo Horizonte, 2012.
  • FUNDAÇÃO MARIA CECÍLIA SOUTO VIDIGAL. Fundamentos do desenvolvimento infantil: da gestação aos 3 anos / [organizador Saul Cypel]. São Paulo: Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, 2011.
  • Barros, S. Para quem acha que a creche é “SÓ” para trocar fraldas: a intencionalidade educativa em creche. Primeiros Anos PT, 2020. Disponível em: https://primeirosanos.iscte-iul.pt/2020/09/30/para-quem-acha-que-a-creche-e-so-para-trocar-fraldas-a-intencionalidade-educativa-em-creche/