IMPETIGO NA ESCOLA, O QUE É IMPORTANTE SABER?  

 

1. Como ocorre o impetigo?

2. Tipos de impetigo

3. Diagnóstico do Impetigo

4. Como ocorre a transmissão do impetigo?

5. Tratamento do impetigo

6. Como prevenir o impetigo na escola?  

 

Nesse fim do mês de abril, muitos moradores da cidade de Imaruí, no sul catarinense, ficaram surpresos com uma notícia, mais de 1.300 crianças da rede escolar municipal, ficaram sem aula. E a causa não era nenhum fenômeno natural, como tempestades ou alagamentos, as crianças ficaram sem aula, devido a um surto de impetigo, as escolas tiveram que ser fechadas para limpeza rigorosa e para interromper o contato entre as crianças e entre as superfícies contaminadas.  

 

1. Como ocorre o impetigo?  

 

É uma infecção bacteriana cutânea, altamente contagiosa, causada pelas bactérias Staphylococcus aureus, Streptococcus beta-hemolítico do grupo A e pela bactéria Streptococcus pyogenes. Essa doença de pele é observada com mais frequência nas crianças na faixa etária de 2 a 5 anos, e a porta de entrada para esses microrganismos são: escoriações, picadas de inseto e traumas.

Normalmente a criança desenvolve primeiro a colonização (crescimento e multiplicação do microrganismo) da pele, e um traumatismo pequeno ou uma picada de inseto favorece a penetração da bactéria para o interior da pele, onde ocorrerá produção de toxinas e enzimas que permite a destruição do tecido.

Segundo dados da Vigilância Epidemiológica, o impetigo é uma doença de distribuição universal, incide com maior frequência em áreas com precárias condições de higiene pessoal. É mais frequente no verão, ocorre de forma esporádica ou em pequenas epidemias familiares e acampamentos de veraneio.  

 


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2. Tipos de impetigo  

 

O tipo de impetigo, irá depender do agente infeccioso, ou seja, do tipo de bactéria. Apresenta-se de três maneiras: o Impetigo bolhoso, Impetigo não bolhoso e Ectima.

Impedigo não bolhoso: geralmente causado pelo streptococos, caracterizada por pequenas bolhas, parecidas com espinhas, cheias de pus, que podem surgir ao redor da boca e nariz, nos braços e nas pernas, após o rompimento das bolhas, ocorre a formação de feridas avermelhadas e crostas.

Impedigo bolhoso: causado pelo Staphylococcus aureus, caracterizado por bolhas maiores, que também são preenchidas por líquido amarelo, essas vesículas (bolhas) aparecem no peito, braços, abdômen e nádegas, a criança pode apresentar febre e mal-estar. Após a ruptura da bolha, ocorre a formação de uma lesão avermelhada, inflamada e úmida, que após o tratamento, regride e não deixa cicatriz.

Ectima: é a forma mais grave da doença, porque atinge as camadas mais profundas da pele. É causada pelo Streptococcus pyogenes, as lesões se caracterizam como úlceras profundas, dolorosas e cheias de pus, geralmente aparecem nas pernas e deixam cicatriz após o tratamento.  

 

IMPETIGO BOLHOSO

Impetigo bolhoso

Fonte: RazorGator

IMPETIGO NÃO BOLHOSO

Impetigo não bolhoso

Fonte: TeleNet

ECTIMA

Ectima

Fonte: MedSaúde

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3. Diagnóstico do Impetigo  

 

O diagnóstico é clínico, baseado na anamnese e no exame físico, porém o médico também pode solicitar exames laboratoriais para descobrir o agente causador do impetigo.    

 

4. Como ocorre a transmissão do impetigo?

 

 Como já mencionamos, o impetigo é uma doença altamente contagiosa, e pode ser transmitido através do contato com toalhas, roupas, mãos e unhas contaminadas.  

As mãos são o meio mais importante de transmitir a infecção

 Especialmente entre as crianças, o risco de contágio do impetigo só desaparece após 48 horas do início do tratamento com antibióticos, ou quando as feridas param de drenar secreções e começam a cicatrizar. Enquanto isso não ocorre, a criança deve permanecer em casa, e na medida do possível, restringir o convívio com outras pessoas, até que esse período passe, medidas rígidas de higiene devem ser respeitadas, e os objetos deverão ser de uso exclusivo, como roupas e toalhas.  

 

 


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5. Tratamento do impetigo  

 

O tratamento do Impetigo deve começar imediatamente após os primeiros sinais e sintomas, para evitar complicações ao paciente e contaminação para as outras pessoas. Em média o tratamento dura cerca de 10 dias, nas manifestações simples a intervenção poderá ser local (tópica), já em manifestações mais profundas o tratamento poderá ser sistêmico: Sistêmico: com a utilização de antibióticos, geralmente utilizado quando existem lesões disseminadas e comprometimento do estado geral. Tópico: direto nas lesões, com pomadas contendo antibióticos, a aplicação deve ser após a limpeza e remoção das crostas.

 

6. Como prevenir o impetigo na escola?  

 

Atenção precisa ser redobrada quando o clima se apresenta mais quente e úmido, pois a população de mosquitos aumenta assim como os relatos de impetigo. Segundo Dr. Palandri, membro do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP):  

A criança portadora da bactéria é picada por um pernilongo e coça o local, facilitando a entrada desse germe na região subcutânea, tornando-se propício para o desenvolvimento da doença. Não coçar é uma forma de prevenção.

 

  • Manter as unhas cortadas (colaboradores e alunos);
  • Troca de roupa pessoal diariamente (colaboradores e alunos);
  • Manter regiões interdigitais (entre os dedos das mãos e pés) limpas e secas, pois a umidade nestes locais poderá favorecer formação de fissuras e ser porta de entrada para bactérias que causam o impetigo;
  • Manter uso individual de utensílios de higiene (como toalhas e roupas);
  • Incentivar a lavagem das mãos pelas crianças (as mãos são a maior fonte de contaminação, uma criança com o impetigo poderá “cutucar” as feridas e espalhar para outras regiões do corpo ou outras crianças);
  • A criança deverá permanecer afastada da escola até completar o tratamento;
  • Orientar os colaboradores da escola sobre os sintomas do impetigo, para que possam identificar precocemente um caso e alertar os familiares da criança;
  • Em algumas regiões (como no Sul catarinense) a Secretária Estadual de Educação suspendeu as aulas para promover a desinfecção e dedetização das unidades escolares, retomando as aulas quando a escola estiver limpa e arejada;
  • Intensificar a limpeza de móveis, brinquedos, camas, colchões, maçanetas com produtos adequados detergente e água, ou ainda álcool 70%;
  • Algumas escolas disponibilizaram material de limpeza e orientaram os alunos sobre como prevenir o impetigo e higienizar suas carteiras;
  • Manter rigorosa higiene durante as trocas de fraldas, que incluir colocação e retirada adequadamente de luvas, e substituição destas a cada troca de fraldas (quando utilizada), lavagem das mãos com técnica adequada a cada troca de fralda e retirada de luvas;
  • Fraldas devem ser descartadas em recipiente adequado com tampa;
  • Comunicar a Unidade Básica de Saúde e Vigilância Epidemiológica os casos suspeitos e confirmados ocorridos na escola para que avaliem a necessidade de medidas de controle;
  • Durante o período de manifestação desta doença no ambiente escolar, lençóis e toalhas devem ser lavados todos os dias;
  • Guardar as roupas dos alunos, toalhas e produtos de higiene identificados e separados;
  • Evitar o uso de fantasias diretamente sobre a pele, especialmente em crianças com lesões e mantê-las limpas.

 

 


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Como lavar as mãos adequadamente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS):

 


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Veridiana Ferreira Torres

Enfermeira Especialista em Cardiologia pela Unifesp e Pós-Graduada em Docência do Ensino Superior  

 

Letícia Spina Tapia

Enfermeira e Fisioterapeuta, Mestre no Ensino em Ciências da Saúde e Coordenadora Nacional do Programa Escola Segura.  

 

 

   

 

  Referências:  

  • TELESSAÚDE RIO GRANDE SO SUL. Como podemos tratar e prevenir o impetigo?. BVS APS – Atenção Primária a Saúde, Telessaúde Brasil Redes, 2009.
  • MARANHÃO, D. G.; VICO, E. S. R. Um ambiente seguro e saudável na Educação Infantil. Rev Avisalá, ed. 22, 2005.
  • NESTI, M. M. M.; GOLDBAUN, M. As creches e pré-escolas e as doenças transmissíveis. J. Pediatr. (Rio J.), 83:4 Porto Alegre July/Aug. 2007.
  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Impetigo: saiba como evitar a infecção que atinge crianças pequenas, Pediatra Orienta, EBC, 2015.
  • AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Principais Síndromes Infecciosas, Módulo I, Anvisa, 2004.
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE. Dermatologia na Atenção Básica de Saúde, Cadernos de Atenção Básica Nº 9, Secretaria de Políticas de Saúde, Departamento de Atenção Básica, 2002.
  • PREFEITURA DE LAGUNA. Escolas e centros de educação infantil estão recebendo orientações sobre o impetigo, Notícias: Educação, 2016.
  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Manual prático de atendimento em consultório e ambulatório de pediatria. SBP, 2006.
  • STEVENS, D. L., et al. Practice Guidelines for the Diagnosis and Management of Skin and Soft-Tissue Infections, Clinical Infectious Diseades, 41:10, 2005.