Neste post, você verá:

 

  • Como acontece o controle da temperatura? 
  • Alguns fatores que afetam a temperatura do corpo. 
  • Quais são os sinais que podem indicar a febre?
  • Como deve ser o atendimento ao aluno com febre na escola?
  • Medidas não farmacológicas para o atendimento da febre na escola. 
  • Convulsão febril na escola, o que é preciso saber?
  • O que fazer diante de uma convulsão febril na escola?
  • O que os familiares precisam saber sobre a febre na escola?
  • Qual termômetro utilizar na escola?

 

Um tema que gera muitas dúvidas e inquietações durante nossas formações e palestras, a febre na escola é um tema importante para ser discutido entre os profissionais da saúde, educação e familiares de crianças.

Pensando em contribuir com essa discussão, realizamos uma busca cuidadosa na literatura, nas legislações e recomendações específicas para Escolas, para subsidiar a conduta dos educadores no manejo da febre do aluno.

Primeiramente vamos entender alguns pontos importantes:

 

Como acontece o controle da temperatura? 

 

A temperatura no nosso corpo é controlada pelo hipotálamo (pequena região situada no cérebro), que atua como um termostato, ajustando a temperatura do nosso corpo. Ele mantém a nossa temperatura entre 36 e 37 graus, através de processos internos, que envolve a produção e a perda de calor.

Alguns fatores que afetam a temperatura do corpo:

  • Variação Circadiana: A temperatura altera normalmente conforme os horários do dia;
  • Idade: A temperatura do lactente é maior do que a temperatura do adulto;
  • Ovulação: Nas mulheres, durante a vida reprodutiva, ocorre alterações de temperatura durante a ovulação.
  • Atividade física: Durante o exercício físico intenso, também pode ocorrer o aumento da temperatura.

 

Quais são os sinais que podem indicar a febre?

 

  • Diminuição da atividade da criança
  • Irritabilidade
  • Dor de cabeça
  • Dores pelo corpo
  • Vermelhidão, mais evidente na face
  • Sensação de frio
  • Aceleração dos batimentos cardíacos
  • Respiração mais rápida

 

O papel da febre no organismo é sinalizar que algo está acontecendo, isto é, que algum microrganismo invadiu o nosso corpo e que está tentando combatê-lo através da ativação do sistema imunológico.

Desmistificando a febre: ela não é um vilão, mas sim uma parte importante na sinalização e defesa do organismo.

 

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Convulsão na escola, o que o professor precisa saber?

 

Como deve ser o atendimento ao aluno com febre na escola? 

 

Recomendamos que a Escola, junto com seus colaboradores desenvolva um protocolo para atendimento da febre e discutam periodicamente sobre esse tema para alinhar práticas e ajustar as medidas adotadas para realidade da instituição.

Ao elaborar e implantar o protocolo, o próximo passo é formar a equipe e orientar os familiares sobre os procedimentos adotados e sua importância (segurança do aluno).

Essa orientação pode ser via circular, palestra ou através de um Regimento Escolar de Saúde.

Para facilitar o compartilhamento dessas informações entre a comunidade Escolar, preparamos um e-Book com orientações sobre a febre na escola (acesse aqui), que contempla:

 

1. Como acontece o controle de temperatura?

2. Fatores que afetam a temperatura do corpo

3. O que é a febre e por que ela aparece?

4. Qual a importância da febre?

5. Existe febre interna e externa?

6. Quais são os sinais sugestivos de febre?

7. Como verificar a temperatura de forma segura?

8. Recomendações importantes sobre a temperatura da criança

9. Protocolo para manejo da febre na escola

10. Pode oferecer banho na criança com febre?

11. Como deve ser o banho na criança com febre?

12. A importância de desenvolver um protocolo escolar para febre

13. Criança com febre, pode permanecer na escola?

14. O maior medo relacionado ao estado febril: convulsão febril

15. Características da convulsão febril

16. O que fazer diante de uma convulsão febril na escola

17. Medicar previne a convulsão febril?

18. Administração de medicamentos na escola, o que é preciso fazer?

19. O que os familiares precisam saber sobre a febre na escola?

20. Vídeo: febre e convulsão febril na escola

21. Links importantes

 

Medidas não farmacológicas para o atendimento da febre na escola:

 

Por que utilizar medidas não farmacológicas para a febre?

Esclarecemos que a Escola pode administrar medicação perante a autorização dos pais por escrito e receita médica vigente. De acordo com a Portaria 1692/05 (São Paulo). Considere acessar a matéria sobre medicação segura na escola (acesse aqui) para compreender a forma segura de administrar medicação na escola.

Portanto, antes de adotar medidas farmacológicas que dependem de um protocolo estabelecido, treinamento da equipe, orientação dos familiares, presença de receita médica e autorização da família para medicar, considere utilizar as medidas não farmacológicas:

  • Colocar a criança em local fresco e arejado
  • Oferecer líquidos: a criança febril perde água por vários mecanismos. Precisamos repor. Oferecer sucos diluídos, sopinhas ou água de coco, mas a água ainda é o melhor líquido e o leite materno, sempre muito recomendado.
  • Retirar o excesso de roupas.
  • Se possível, realizar um banho morno (na banheira ou chuveiro pode fazer muito bem. Acalma, refresca, conforta e deve abaixar a temperatura. Nunca use água fria/gelada.
  • Acionar os familiares da criança para buscá-la. 

 

Não há necessidade de se desesperar e levar a criança para a emergência ao primeiro sinal de febre, a não ser nos bebês com até 2 meses!

Cerca de 90% das febres em crianças são causadas por vírus, e geralmente curam espontaneamente em 3 a 4 dias. Não é preciso uma medicação específica – nem antibióticos, nem cortisona. A febre tem uma função no organismo: acionar os mecanismos de defesa com mais eficiência, afirma o pediatra Dr. Daniel Becker.

 

Convulsão febril na escola, o que é preciso saber?

 

A convulsão febril ocorre na infância aproximadamente entre os 3 meses e 6 anos de idade, e está associada a febre, sem outras condições patológicas.

Estima-se que 2% a 5% das crianças menores de 5 anos de idade apresentarão pelo menos um episódio de convulsão febril por febre na vida.

Os mecanismos de ocorrência da convulsão febril não foram totalmente esclarecidos, no entanto acredita-se que a imaturidade do cérebro torna as crianças mais susceptíveis a convulsão febril que adultos, além da pré-disposição genética relatada por alguns autores.

A crise convulsiva febril, costuma ser do tipo simples, ou seja, tremores rápidos e isolados, e demonstram que o cérebro imaturo apresenta maior susceptibilidade a esse aumento repentino de temperatura.

De um modo geral, grande parte das crianças que tiveram a primeira crise convulsiva, apresentam apenas um episódio durante a vida.

 

Segundo o pediatra Daniel Becker, a “febre não provoca convulsão, a não ser em crianças predispostas (cerca de 5%) e por isso não precisa ser combatida obsessivamente.

 

O que fazer diante de uma convulsão febril na escola?

 

Como em qualquer outro tipo de convulsão, as ações a serem tomadas são de extrema importância para a proteção física e emocional da criança:

 

  • Observar o horário do início da convulsão para informar o Serviço de Emergência;
  • Posicionar a criança de lado e proteger a cabeça, dessa forma favorecer saída da saliva, evitando que seja aspirada (vá para o pulmão). 
  • Afrouxar as roupas e retirar objetos e adornos que possam machucar como relógios, óculos, correntes, entre outros;
  • Proteger contra traumas (afastar a criança de locais de risco e de objetos que possam machucar);
  • Acionar os familiares da criança;
  • Acionar serviços de emergência como o SAMU 192 ou Corpo de Bombeiros, o que estiver mais próximo do local. Saiba mais sobre o atendimento a uma crise convulsiva na escola, acesse aqui.

 

Conheça nossas formações e assessoria sobre saúde e segurança escolar, acesse o portfólio aqui. 

 

O que os familiares precisam saber sobre a febre na escola?

 

É comum ouvirmos dos educadores:

“Às vezes recebemos as crianças sem febre, porque elas foram medicadas antes de chegar à Escola, e nem sempre os pais nos comunicam, com receio de não aceitarmos a criança”

 

Aqui cabe mais uma reflexão delicada:

Por que os pais tiveram esse tipo de conduta?

Há muitas respostas, dentre elas, a mais comum: Eles precisam trabalhar e não tem com quem deixar a criança (falta de rede de apoio).

Vivemos em um país onde o estímulo a maternidade/paternidade ainda passa por transformações e sabemos que muitos empregadores não toleram faltas/atrasos independente dos motivos.

Além disso, esse é um momento de grande desemprego e dificuldade econômica, onde temos de um lado pais que precisam trabalhar e por outro temos o papel da Escola como promotora de saúde e bem-estar da criança, mas o que fazer?

Nossa recomendação, diante de tal fato é o “diálogo” para estabelecer o papel da escola e o papel da família. 

Não existe educação nem desenvolvimento infantil sem a participação de todos os atores desta relação: familiares, cuidadores, professores e escola.

É preciso aproximar os familiares da Escola para falar sobre saúde, sabemos que não é fácil trazê-los, mas ao menos durante as reuniões por que não falar um pouco sobre saúde? Sobre protocolos para febre?

Especificamente no caso da febre, explicar os riscos de permanecer com essa criança no ambiente escolar, os riscos para as demais crianças, pois a febre sinaliza uma infecção e período de transmissão, o que coloca em risco o meio coletivo.

Além disso, a criança febril ou com quadro infeccioso necessita de repouso, alimentação leve e acolhimento da família para se reestabelecer, ou seja, a escola não é o local para acolher a criança doente.

Outra questão importante para discussão com os pais: não omitir quando a criança apresentar febre, se por alguma razão a escola optar por receber essa criança que foi medicada, ao menos o professor estará atento aos sintomas, além de aferir a temperatura para acionar o protocolo de febre, se necessário.

 

Qual termômetro utilizar na escola?

 

O termômetro digital axilar ou sem contato (corporal ou de testa) deve ser usado com bebês e crianças pequenas quando há preocupação com febre e parece ser o mais adequado para o ambiente escolar. Os termômetros timpânicos (auriculares) podem ser usados com crianças de quatro meses ou mais.

No entanto, um termômetro timpânico forneça resultados rápidos, ele precisa ser colocado corretamente no ouvido da criança para ser preciso.

A presença de muita cera no ouvido pode impactar uma leitura correta, portanto, os termômetros timpânicos não devem ser usados em crianças com menos de quatro meses de idade, onde a detecção da febre é mais importante.

Termômetros de vidro ou mercúrio não devem ser usados porque podem quebrar e resultar em toxicidade de mercúrio que pode levar a lesões neurológicas. Por prevenção, a American Academy of Pediatrics (AAP) incentiva a retirada de termômetros de mercúrio das casas e todas as instituições de cuidados infantis.

As temperaturas orais (debaixo da língua) podem ser usadas para crianças com mais de quatro anos. A cada uso, os termômetros devem ser limpos e higienizados de acordo com as instruções do fabricante.

 

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Letícia Spina Tapia

Enfermeira e Fisioterapeuta, Mestre no Ensino em Ciências da Saúde e Coordenadora Nacional do Programa Escola Segura

 

 

 

Publicado em: 25/03/2016

Revisado em: 12/11/2021

 

Referências:

 

  • ACADEMIA AMERICANA DE PEDIATRIA. Febre e febrefobia. 2019. Disponível em: https://www.portalped.com.br/especialidades-da-pediatria/pediatria-geral/febre-e-febrefobia/
  • ALENCAR, S. P. Convulsão Febril: aspectos clínicos e terapêuticos. Artigo de Revisão. Rev Med UFC, 2015 55(1): 38-42.
  • ANVISA. Secretária Municipal da Saúde. Orientações da vigilância sanitária para instituições de educação infantil. Prefeitura de Belo Horizonte, ANVISA, 2013. Disponível em: http://bit.ly/1zssNkw
  • BECKER, D. Pediatriaintegralbr (Instagram). Disponível em: https://www.instagram.com/p/CWrQ6lNJUug/?utm_medium=copy_link
  • BRASIL, SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, Portaria 1692/2005, necessidade de normatizar a administração de medicação oral nas unidades educacionais da rede municipal de ensino, Município de São Paulo, SME, 2005, republicada DOC 12/02/2008. Disponível em: http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/portaria-secretaria-municipal-de-educacao-sme-1692-de-04-de-marco-de-2005
  • BRASIL, Lei Nº 15.313, de 15 de janeiro de 2014. Dispõe sobre a proibição do uso, armazenamento e reparo de instrumentos de medição como esfigmomanômetros e termômetros contendo mercúrio e dá outras providências. Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2014/lei-15313-15.01.2014.html
  • COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS E POLÍTICAS DE SAÚDE – CODEPPS. Manual de prevenção de acidentes e primeiros socorros nas escolas/Secretaria da Saúde. Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde. CODEPPS. São Paulo: SMS, 2007. Disponível em: https://www.amavi.org.br/arquivos/amavi/colegiados/codime/2016/Primeiros_Socorros_Manual_Prev_Acid_Escolas.pdf
  • CRECHE SEGURA. Febre e convulsão febril. 2016. Disponível em: https://www.crechesegura.com.br/?s=febre+e+convuls%C3%A3o+febril
  • CRECHE SEGURA. Professor pode administrar medicamento na escola? 2016. Disponível em: https://www.crechesegura.com.br/professor-pode-administrar-medicamento-na-escola/
  • DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE SAÚDE ESCOLAR – SBP. Uso criterioso de medicamentos na creche e na escola: Orientação aos pediatras. Comitê de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/19687b-Recom_-_Medicam_na_Creche_e_Escola.pdf
  • FLÁVIO PEDIATRA. Decálogos da febre (1 a 10), 2020. Disponível em: flaviopediatra (Instagram) e www.pediatradofuturo.com.br.
  • HEALTHY CHILDREN. Fever. 2016. Disponível em: https://www.aap.org/en/search/ context=Healthy%20Children&source=Healthychildren.org&lang=English&k=fever&s=